Nas 3 primeiras revoluções industriais houve aumento de desemprego inicial devido à substituição do homem pela máquina para aumentar a produtividade e reduzir custos. Com o tempo, algumas profissões desapareceram, outras alteraram-se e novas surgiram o que fez aumentar o emprego.
Na 4ª revolução industrial, tal também se tem verificado, mas a questão é mais complexa uma vez que as mudanças são muito radicais, com enormes aumentos de produtividade a custos marginais que se aproximam de zero. Tal fez com que, sobretudo após a grande crise económica de 2007/ 2008 que levou a uma grande vaga de despedimentos, a retoma, sobretudo nas grandes organizações, tenha vindo a ser feita em grande parte com a substituição da mão-de-obra por capital, ou seja, por sistemas e máquinas muito inteligentes e salários consideravelmente mais baixos. Por esse motivo, a desigualdade tem vindo a crescer para níveis alarmantes.
Inicialmente o impacto das tecnologias emergentes fez-se sentir no trabalho repetitivo da mão-de-obra menos qualificada. Mais recentemente, esse impacto já se faz sentir na mão-de-obra mais qualificada e com o decorrer do tempo, médicos, advogados, engenheiros, professores e muitos outros profissionais qualificados, sentirão os efeitos da concorrência de sistemas de Inteligência Artificial muito mais eficientes e eficazes na execução de inúmeras tarefas. Em profissões onde a empatia e o contacto humano-humano são essenciais a tendência é para o crescimento do emprego. O mesmo se pode dizer das profissões relacionadas com as tecnologias emergentes, que normalmente requerem competências de base em matemática, física, química e biologia e especializações em computação, biotecnologia, materiais avançados e vários ramos da engenharia. Também o marketing é uma área em grande expansão, sobretudo o marketing digital, uma vez que o sucesso comercial em muito depende da orientação para o consumidor.
Um outro aspeto que vale a pena refletir é que o cérebro humano levou milhares de anos a evoluir, enquanto que a inteligência artificial evolui muito rapidamente, pelo que se não nos acautelarmos com legislação apropriada, poderá mesmo tomar controlo dos nossos destinos.
Ver mais em:
Preparing for the future of Artificial Intelligence
The National Artificial Intelligence Research and development strategic plan
Para se conseguir trabalho para todos (por turnos) a semana de trabalho deverá ser reduzida para 15 horas até 2030, como sugeriu Keynes no seu ensaio de 1930 (John Maynard Keynes (1930), Economic Possibilities for our Grandchildren, WW Norton & Co ., New York).
Ver mais em:
Economic possibilities for our grandchildren
Mas temos que ir mais longe e passar de uma sociedade controlada pelo capitalismo liberal para outra, também de mercado, mas controlada pelos cidadãos e designada sociedade colaborativa (collaborative commons) onde a formação de redes e a junção destas numa matriz universal será a infraestrutura da sociedade.
No dizer de Keynes em 1930 “os avanços tecnológicos que se antecipam, libertarão a humanidade da escravidão do trabalho, mais tempo de lazer significa maior disponibilidade para as pessoas fazerem aquilo que gostam”. E esta é a opinião do mais conceituado economista do Século 20.
O rendimento básico incondicional é algo em discussão há décadas, em várias partes do mundo.
Ver mais em:
Universal Basic Income: An idea whose time has come?
Basic income around the world (Wikipedia)
No referendo de 5 de maio 2016, na Suíça, o objetivo era a introdução na constituição do direito a um rendimento base garantido. Os proponentes propunham respetivamente 2500 e 625 francos suíços (€2300 e €574) para adultos e crianças. O resultado foi de 23,1% a favor e 76,9% contra, tendo a proposta sido rejeitada. Contudo, com as transformações em curso, qual será o resultado num referendo deste tipo daqui a 5, 10 ou 15 anos? Será que as previsões de Keynes para 2030 estão corretas?
De acordo com o estudo de Thomas Piketty de 2012 “O Capital no Século 21” nos países ricos e desenvolvidos, no longo prazo, a taxa de crescimento situa-se entre 1 e 1,5 % ao ano. A elevada taxa de crescimento verificada em alguns países de economia emergente, como a China, designa-se por “crescimento para alcançar” (catch-up growth) e certamente descerá para 1 – 1,5 % ao ano, quando estas economias se tornarem desenvolvidas.
Ver mais em:
Só um pequeno exemplo:
Muito se fala da UBER e dos taxistas. Contudo, com carros elétricos autónomos (que já se encontram em circulação em algumas cidades),
quem precisa de taxistas?
e de camionistas?
e de carta de condução (CNH)?
e de carro próprio?
No que respeita ao desemprego as últimas previsões relatadas pelo Citibank em parceria com a Universidade de Oxford, apontam para o seguinte senário:
Nos Estados Unidos, 45% dos empregos estão em risco devido à automação, no Reino Unido 35%, na China 77% e nos países da OCDE uma média de 57%.
Ver mais em:
Robots will steal your job: How AI could increase unemployment and inequality
Já no início dos anos 1990 havia uma fiação de algodão perto de Guimarães (PT) totalmente automatizada. Praticamente só havia alguns engenheiros de sistemas a fazer manutenção.
A deslocalização da produção para países de mão-de-obra barata tem os dias contados.
Não é mais necessária, uma vez que os robots e a Inteligência Artificial estão a tomar conta de quase tudo e a custos marginais extremamente baixos.
Para exemplos mais recentes de automatização, ver a fabricação do carro elétrico da Tesla, a robotização do armazém de comércio eletrónico Quiet Logistics, ou a logística da Inditex (Zara, etc.) com tecnologia RFID.
As aulas na ACOMinho são dadas por assistentes pessoais criadas por técnicas de Inteligência Artificial.
Pessoas influentes como Elon Musk e Stephen Hawking apoiam a introdução urgente do Rendimento Básico Incondicional (RBI) para evitar o pior, ou seja, o populismo e as suas consequências, uma vez que a realidade aqui relatada está muito mal explicada à sociedade em geral. O RBI não é uma questão de socialismo ou capitalismo, pois mesmo no sistema capitalista mais liberal é de todo o interesse que as pessoas tenham dinheiro para poderem comprar as coisas (bens e serviços) e fazer girar o sistema.
Ver mais em:
Elon Musk: We Need Universal Income Because Robots Will Steal All the Jobs
Stephen Hawking: Automation and AI Are Going to Decimate Middle Class Jobs
White House AI report: Everything you need to know
Outros exemplos: (ver vídeos)
Rendimento básico universal explicado – dinheiro grátis para todos?
Por que devemos dar a todos um rendimento básico.
Davos 2017 – Um rendimento básico para todos: sonho ou ilusão?
Fabricação robotizada do carro elétrico Tesla:
Robotização do armazém de comércio eletrónico QuietLogistics:
Logística da Zara com tecnologia RFID:
Estudante que trabalhou na fábrica do iPhone na China explica por que é que os empregos por manufaturação não voltarão para os EUA:
Para saber mais clique
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